Fig. 1 Preservativos
O que são os métodos contraceptivos?
Os métodos contraceptivos ajudam a
prevenir a gravidez não desejada, permitindo a vivência da sexualidade de forma
saudável e segura. Os métodos contraceptivos estão divididos em dois grandes
ramos: Os métodos de contracepção naturais e os não naturais. No caso dos não
naturais os mecânicos e os químicos. O único método cem por cento eficaz para
evitar a gravidez é a abstinência, isto é, não ter relações sexuais porém
existem outros métodos capazes de prevenir com elevada taxa de sucesso a
gravidez não desejada.
Métodos contraceptivos naturais
Existem três tipos: o método da temperatura, o método do muco
cervical e o método do calendário, que para aumentar a sua eficácia devem ser
utilizados em conjunto.
Método da temperatura:
É uma estratégia para evitar a gravidez, onde a mulher determina a
temperatura do seu corpo em repouso, medindo-a todas as manhãs antes de se
levantar. Para que este método funcione o casal deve evitar a relação sexual a
partir do início da menstruação até pelo menos 48 a 72 horas após o dia em que
ocorreu a elevação da temperatura corporal.
Fig. 2 Temperatura corporal
Normalmente a temperatura habitual do corpo diminui antes da libertação do óvulo e aumenta discretamente num valor inferior a 0,5 Cº após a sua libertação. Este método exige ausência de actividade sexual em determinadas fases do mês. Este método contraceptivo era muito utilizado antigamente tendo caído em desuso devido ao aparecimento de outros mais eficazes.
É um mecanismo que consiste em analisar o muco, uma substância
gelatinosa, produzida pelas glândulas do colo do útero que sofre alterações ao
longo do ciclo menstrual. Na altura da ovulação adquire uma aparência fluida e
quase transparente com grande elasticidade, nesta fase o muco facilita a
entrada de espermatozóides no útero.
Fig. 3 Espessura do muco cervical
Método de calendário:
Determina, através de cálculos, o início e
o fim do período fértil. O método é indicado para mulheres que têm o ciclo
menstrual absolutamente regular, pois os espermatozóides chegam a sobreviver
três dias no aparelho genital da mulher e os óvulos ficam ali por um dia. Este
método pode falhar pois o ciclo pode se alterar dependendo de factores
externos, como alimentação, stress, actividade física, doenças e até mudanças
de fuso horário.
Antes de usar esse método com segurança, a mulher
deve registar o número de dias de cada ciclo menstrual durante, pelo menos,
seis meses. Em seguida deve calcular quando ocorrem os seus dias férteis, como
podemos ver nas seguintes instruções:
Fig. 4 Ciclo menstrual
Do número total de dias no seu ciclo mais curto,
subtraia 18. Isto identifica o primeiro dia fértil do seu ciclo.
Do número total de dias no seu ciclo mais longo,
subtraia 11. Isto identifica o último dia fértil do seu ciclo.
Por outro lado
deparamo-nos com os métodos contraceptivos não naturais entre os quais existem
os mecânicos e os químicos.
Métodos contraceptivos mecânicos
Nos métodos
contraceptivos não naturais mecânicos existe uma variada diversidade de opções
tais como: o preservativo, podendo ser masculino ou feminino, o diafragma e o
dispositivo intra-uterino (DIU).
Preservativo:
Desde há muito
tempo que o homem tenta evitar o contacto entre o oócito II e o espermatozóide.
O preservativo é uma delas, mais recentemente utilizada, este é feito de
material impermeável como por exemplo: látex, e, no caso do masculino, é
colocado no pénis quando este está erecto. O esperma fica aprisionado no
reservativo e os espermatozóides não têm nenhum contacto com a vagina. Por
outro lado o preservativo feminino tem uma função semelhante, sendo colocado na
vagina e removido após a relação sexual.
Fig. 5 e 6 Preservativos masculino e feminino
Para além destas
funções, o preservativo tem também um papel importantíssimo na prevenção da
propagação das doenças sexualmente transmissíveis como a SIDA e hepatite.
O
diafragma:
É uma membrana de
borracha que encaixa sobre o cérvix bloqueando a entrada dos espermatozóides no
útero. Antes de ser colocado, é lubrificado com um gel ou creme espermicida.
Sobre o qual falaremos mais à frente. Este método do diafragma caiu em desuso e
deixou até de ser vendido em Portugal.
Fig. 7 Diafragma
Métodos contraceptivos químicos
DIU:
É uma espiral de
cobre ou de imaterial plástico, por vezes impregnada dum espermicida
(substância que pode matar os espermatozóides), ou de hormonas, que se introduz
no útero. O DIU produz uma alteração do endométrio (revestimento interno do
útero), que faz com que se alterem as condições necessárias para que se
implante o óvulo fecundado. Em menor proporção de casos pode actuar como
espermicida; e em alguns casos ainda pode actuar modificando o muco uterino,
não permitindo, assim, a progressão dos espermatozóides.
Fig. 8 DIU
Agora vamos passar
a outro tipo de métodos, designados de métodos contraceptivos não naturais
químicos. Dentro destes métodos encontramos o espermicida, a pílula
contraceptiva, implante subcutâneo, injecção intramuscular e o penso adesivo.
Espermicidas:
Que podem ser na
forma de gel, espuma ou creme, são substâncias químicas que destroem ou
incapacitam os espermatozóides evitando que estes entrem em contacto com o
oócito II. Podem ser usados sozinhos ou em conjunto com outros métodos.
Contudo, a sua taxa de eficácia é reduzida não considerado método contraceptivo
quando utilizado sozinho.
Fig. 9 Espermicidas
Pílula:
É um
anticoncepcional oral muito utilizado a partir da década de 60 do século XX. É
o método mais utilizado e tem uma eficácia que ronda os 99% quando usado
convenientemente, e foi preponderante na emancipação sexual da mulher.
Como já vimos
anteriormente a progesterona e os estrogénios exercem uma retroacção negativa
sobre o complexo hipotálamo-hipófise, inibindo a síntese e libertação de
gonadoestimulinas, LH e FSH, que tem um papel importantíssimo no ciclo ovárico
ou seja na produção de óvulos, gónadas femininas. As pílulas combinadas, mais
comuns, são constituídas por porções de estrogénio e progesterona sintéticos
(progestinas) suficientes para inibir a produção de FSH e LH. Deste modo leva a
uma suspensão no ciclo ovárico, deixando de ocorrer a maturação dos folículos,
impedindo a ovulação.
Fig. 10 Pílula
Ainda nas pílulas,
a “minipílula”, é um contraceptivo oral que contém quantidades muito baixas de
progestinas. Embora a sua baixa quantidade de progestinas consiga influenciar a
maturação do folículo e a ovulação, esta visa ainda tornar o muco cervical mais
espesso e viscoso, de modo a dificultar a passagem dos espermatozóides e
impedir a fecundação e a proliferação do endométrio. Apesar de tudo isto a sua
eficácia é mais baixa do que nas pílulas combinadas e habitualmente é
administrada a mulheres que se encontram a amamentar ou que demonstram alguma
resistência às pílulas combinadas.
Implante
subcutâneo:
É um método
contraceptivo muito eficaz para prevenir a gravidez, podendo ser utilizado
sozinho sem a necessidade de recorrer a métodos contraceptivos adicionais. No
entanto este não protege as infecções sexualmente transmissíveis (IST), onde só
o preservativo é comprovadamente eficaz.
Fig. 11 Implante subcutâneo
Existe recentemente
em Portugal e consiste num pequeno tubo que é colocado na parte interna do
braço, subcutaneamente, com recurso a anestesia local, devendo ficar
perfeitamente localizável. Actua por um período de três anos, podendo ser
substituído ou, em caso de haver vontade de engravidar, retirar-se em qualquer
altura para que a fertilidade seja retomada. Com este método as menstruações
são mais escassas, podendo ocorrer ausência de períodos menstruais
(amenorreia).
Penso
adesivo:
É uma película
muito fina, quadrada, confortável e fácil de aplicar. O adesivo transfere uma
dose diária de hormonas, estrogénios e progesterona, através da pele para a
corrente sanguínea.
Estas hormonas são
semelhantes às hormonas produzidas pelos ovários. O adesivo funciona de duas
formas, impedindo a ovulação ou seja, a libertação do óvulo e tornando mais
espesso o muco do colo do útero, dificultando a entrada dos espermatozóides no
útero.
Fig. 12 Penso adesivo
Cada adesivo é
colocado uma vez por semana, durante 3 semanas consecutivas, seguidas de uma
semana de descanso.
Apesar de não haver
ainda muita informação, estima-se que a taxa de eficácia se aproxime dos 98%.
Pílula do dia seguinte
A pílula do dia
seguinte é um método anticoncepcional cuja acção fundamental é impedir a
ovulação, e interferir na fecundação e no revestimento interno do útero. Assim,
cria-se um ambiente não-propício à implantação do óvulo fecundado.
Deve ser tomado o
mais cedo possível, depois de ter tido uma relação sexual não protegida, e
preferencialmente nas primeiras 12 horas. Ainda assim, pode ser tomada durante
as 72 horas (3 dias) seguinte à relação ter ocorrido. Mesmo tomada nas
primeiras 12 horas após o acto sexual, a pílula do dia seguinte tem apenas 75%
de eficácia e portanto.
Fig. 13 Pílula do dia seguinte
A Pílula do dia
seguinte, é precisamente para casos pontuais, logo o uso desta não deve ser
excessiva jamais tomar mais do que uma vez no mesmo ciclo menstrual.
No caso de uma
utilização recorrente, as altas dosagens de hormonas a que está a submeter o
seu corpo podem causar retenção de líquidos, tensão alta, náuseas,
tromboembolismo e desequilíbrio hormonal, constituindo uma grave agressão ao
organismo. Além disso, o uso regular diminui a eficácia do método, aumentando o
risco de engravidar.
O uso abusivo
destes medicamentos pode ainda causar danos graves, como cancro da mama e do
útero, problemas numa futura gravidez, além de trombose e embolia pulmonar.
Métodos contraceptivos definitivos
Vasectomia:
Consiste na
interrupção dos canais deferentes, por onde os espermatozóides produzidos nos
testículos, chegam até à vesícula seminal e à próstata, com o fim de estarem
disponíveis de forma a comporem o esperma. É efectuada uma incisão de um
centímetro de cada lado do escroto (saco que envolve os testículos), e
procede-se ao corte de meio centímetro dos canais deferentes, amarram-se e
isolam-se as suas pontas. É finalizada a operação com poucos pontos na pele que
serão eliminados espontaneamente. As técnicas variam de cirurgião para
cirurgião. Pode-se realizar um único corte central no escroto. Para todo este
procedimento é efectuada uma anestesia local.
Fig.14 Vasectomia
Laqueação das trompas de Falópio:
Consiste no método
de esterilização feminina caracterizado pelo corte ou ligamento cirúrgico das
trompas de Falópio, que ligam os ovários ao útero. Assim, evita-se o contacto
entre o gâmeta feminino e o masculino, não havendo por isso fecundação.
Este método é
imediatamente eficaz e permanente fazendo-se através de uma cirurgia simples
geralmente sob anestesia local. Este método não tem efeitos colaterais a longo
prazo deste modo não interferindo com as relações sexuais ou função sexual e
não tem efeito na produção de hormonas pelos ovários.
Fig. 15 Laqueação das trompas de Falópio
Reprodução assistida
A reprodução
assistida consiste em técnicas que visam combater a infertilidade.
Felizmente, o
avanço tecnológico com que nos deparamos actualmente, facilita o acesso a
técnicas que ajudam casais com problemas de fertilidade a combater este
problema, que se está a tornar mais frequente.
Fig. 16 Reprodução assistida
A infertilidade
masculina deve-se maioritariamente a doenças e a modificações ao nível do
esperma, podendo ser também devido a falhas testiculares e a obstrução dos
canais deferentes.
Por outro lado a
infertilidade feminina deve-se maioritariamente a disfunções ováricas e a
problemas nas trompas de Falópio, podendo também ser causada por outro tipo de
problemas raros ou mesmo ainda por razões desconhecidas.
Existem actualmente
três técnicas para ultrapassar os problemas de infertilidade, a inseminação
artificial intra-uterina, a fecundação in vitro e a injecção
intracitoplasmática de espermatozóides.
Inseminação artificial:
Consiste na
deposição de espermatozóides na cavidade uterina fazendo com que estes não
tenham que se expor às condições adversas do muco cervical e assim auxiliando o
seu transporte até ao encontro do oócito II facilitando deste modo uma possível
fecundação.
Fig. 17 Inseminação artificial
Fecundação "in vitro":
Consiste no encontro entre os gâmetas, masculino e feminino, fora
do organismo feminino. O processo efectua-se recorrendo à recolha de oócitos II
e espermatozóides e a colocação dos mesmos num ambiente e num local com
condições favoráveis à fecundação. Após ocorrer a fecundação, o embrião é então
transferido para o útero onde decorrerá o restante processo do desenvolvimento
fetal.
Fig. 18 Fecundação in vitro
A injecção intracitoplasmática de espermatozóides:
Consiste na recolha
de folículos maduros nos quais são directamente injectados espermatozóides
garantindo deste modo a fusão dos gâmetas.
Todas estas técnicas de combate à infertilidade são frequentemente
associadas à indução de ovulação. Com tratamentos hormonais, estimula-se a
produção de oócitos II que podem ser recuperados e utilizados nas diferentes
técnicas.